16 novembro 2006

TRANSCRIÇÃO DA CARTA ENDEREÇADA A GEORGE W BUSH EM 12 DE ABRIL DE 2001:

Exmo Senhor
George W Bush
Presidente dos Estados Unidos da América
Casa Branca
Washington – U.S.A.


Senhor Presidente,

Não é a primeira vez que me dirijo ao Presidente do mais poderoso país do mundo. Sempre o tenho feito por imperativos de consciência, quando observo que ao alcance do responsável máximo dos U.S.A. está a possibilidade de resolver ou de contribuir para a efectiva resolução de problemas que amedrontem a Humanidade.
Sou cidadão português, quase anónimo mas atento e consciente dos fenómenos negativos que decorrem da obra dos homens e afectam o mundo, e é nesta qualidade que escrevo a V.Exª.
Tomo, pois, a liberdade de lhe dirigir a palavra com a esperança de que aquilo que me motiva possa merecer de V.Exª. a necessária e decisiva atenção.
A situação do nosso Planeta é cada vez mais periclitante. V.Exª. sabe-o, pelo menos tanto quanto eu. Mas apetece-me lembrar-lhe, se me der licença, que o progresso da Humanidade já foi tão longe no que toca à destruição da Terra que, mesmo que parasse já de a agredir, seriam necessários séculos para que a reconstituição dos seus equilíbrios se fizesse. Imaginemos, pois, o que poderá acontecer, a muito breve prazo, à Vida, à Vida que tanto dizemos preservar e defender, se quem pode travar a corrida para o seu fim não o quiser fazer.
Se o Protocolo de Kioto é pouco, em comparação com aquilo que urge levar a cabo, é já alguma coisa, para além do que pode conter como estímulo para a tomada de outras medidas com análogos objectivos. O que é muito, muito grande mesmo, é a perplexidade daqueles que, acreditando na possível salvação do mundo, deparam com a absurda decisão de o presidente de um dos países que mais poluem a atmosfera (e não só) se recusar a subscrever tal Protocolo.
O início do fim do Planeta já começou. O efeito de estufa torna-se cada vez mais notório, e os U.S.A. contribuem com 25% de emissão de gases para esse efeito. Por isso não é plausível o argumento de que «os custos económicos não são compensados pelos esperados benefícios», como defende a política de V.Exª., o que leva a pensar que os correctos conceitos de “economia” e de “benefício”, bem como a relação entre eles, não têm significado quando os interesses dos poderes se sobrepõem aos do bem comum.
Pensará V.Exª., Senhor Presidente, que os seus Estados Unidos não sofrerão os horrores de uma vida insuportável que se abaterá sobre o Planeta em consequência das erradas políticas do ambiente que se teima em manter?
Se assim não pensa e tem consciência de que se avizinha uma tragédia global, a decisão que tomou ao eximir-se dos compromissos de Kioto não tem qualificação. O desrespeito pela continuidade da Vida na Terra e o desprezo pela espécie humana – factos que contrariam a missão de cada um de nós enquanto andamos por cá – invalidam todas as metas que possamos atingir, por muito honrosas e dignificantes que pareçam ser.
Senhor Presidente, em nome de todas as criaturas de boa-vontade, em nome daqueles que poderão vir a ser todos os futuros e em defesa da continuidade da Vida peço a V.Exª. que medite um pouco sobre este problema e tome a sábia decisão de ratificar o tão falado e esperançoso Protocolo de Kioto, colocando-se na dianteira dos que pugnam pela salvação do Planeta, para que AMANHÃ POSSA HAVER QUEM SE ORGULHE DAS ACÇÔES DOS HOMENS DE HOJE.

Portugal, 12 de Abril de 2001.
(Segui-se a devida assinatura do autor e respectivo domicílio postal.)

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