26 novembro 2006

NOVA CARTA A GEORGE W BUSH EM 1 DE JANEIRO DE 2003
AGORA O IRAQUE

Mais um assunto que, apesar de aparentemente gasto, continua na ordem do dia. Daí a transcrição de mais esta comunicação ao “senhor do mundo”.

Exmo Senhor
George W Bush
Presidente dos Estados Unidos da América
Casa Branca
Washington – U.S.A.

Em 2001 tomei a liberdade de me dirigir a V.Exª, a propósito do então tão discutido Protocolo de Kioto e da relutância expressa por V.Exª. em subscrevê-lo.
Desta vez decidi abordá-lo por razões que igualmente se me afiguram da maior gravidade: a sua tão querida guerra contra o Iraque.
É do conhecimento geral que os argumentos que V.Exª. esgrima são o reflexo da visível obsessão que lhe invade a mente. Aliás, não é o primeiro norte-americano que sofre da patologia de se meter aonde não é chamado. Será que esse espírito de ingerência, subjacente às relações com outros povos, resultou do modo como as gerações ditas fundadoras dos U.S.A. se impuseram aos legítimos direitos das verdadeiras Gentes desse território hoje chamado de seu por V.Exª? Quem sabe!?
Os norte-americanos – os seus chefes, quero dizer, porque os súbditos parecem não passar de cérebros lavados – tornaram-se useiros e bezeiros na arte de desestabilizar o mundo. E fazem-no, muitas vezes, pelo interposto meio de terceiros (tal é a sua cobardia), procurando assim escapar à responsabilidade dos seus actos, mas aparecendo, depois, como remediadores das situações. Não apresento exemplos, pois V.Exª. conhece-os melhor do que ninguém. Não são capazes de viver sem conflitos fora das suas fronteiras, pelo que, acabado o entretenimento da guerra fria, houve que criá-los de qualquer modo para que o mundo continuasse aflito e a felicidade pudesse pulular por essas bandas. Que demoníaco modo de afirmação!!!
As estratégias políticas, militares e económicas, tão mobilizadoras do querer americano, não podem sobrepor-se aos direitos de soberania de quem quer que seja – os fins não devem, não podem, neste caso, justificar os meios –, mas é no que as altas esferas desse país apostam verdadeiramente. E quando não conseguem instigar quem lhes facilite a tarefa – o que começa a ser cada vez mais difícil – inventam justificações aparentes (quando não absurdas) para actuarem por iniciativa própria, como pretendem fazer agora em relação ao Iraque.
Nenhuma criatura bem formada concordará com a existência de quaisquer tipos de armamento: bélico, nuclear, químico ou biológico. E muito menos poderá aceitar que as Leis da Natureza e a harmonia entre os povos estejam sujeitas às monstruosidades da inteligência humana. Mas sentir-se-ão os americanos, na pessoa de V.Exª., com o direito de quererem desarmar aquele país do Médio Oriente, ou outro qualquer, das armas de destruição maciça (tenha-as ele ou não)? Com que legitimidade? Não é V.Exª. o fiel depositário dos maiores stocks desses tipos de armamento? Não é V.Exª. dono dos maiores e mais sofisticados arsenais alguma vez produzidos?
E porque é o Presidente dos seus concidadãos, é a si que pergunto: - Que pretende, afinal, V.Exª.? Protagonismo falaz ou forgicar mais uma oportunidade de levar a efeito outro exercício militar para manter as suas tropas em forma?
A arrogância, Senhor Presidente, é, normalmente, reflexo de insegurança nos mais diversos domínios (excepto por vezes no das forças armadas, sempre brutas e com a finalidade de destruir). Para quê possuí-la tão abundantemente, se com ela ninguém dá lição alguma a quem quer que seja? ?ara quê manifestá-la tão ferozmente, se dela só se acaba por receber, mais cedo ou mais tarde, a prova de uma pequenez inesperada ante a fatalidade de se ser apenas o que os outros acham que se é?
Em vez da paranóia da guerra, porque não toma V.Exª. decisão contrária? Porque não dá o esperançoso exemplo de mandar proceder à destruição das próprias armas dos seus U.S.A., persuadindo as outras nações a fazerem a mesma coisa?
A Paz não pode ser conquistada com a guerra, Senhor Presidente!
Senhor Presidente, ajude a provar que o mundo evoluiu positivamente!
Mostre como o nosso Planeta pode ser mais belo!
Faça alguma coisa para o bem da Humanidade, e poderá estar certo de que não faltarão seguidores conscientemente alinhados. Até os vossos inimigos, tantos já, por esse mundo fora, se curvarão perante tal atitude.
No começo de mais um milénio e no início deste 2003 não deixe passar a oportunidade para lançar as BASES DE UM TEMPO NOVO em que os homens venham a saber o que foram e possam finalmente desejar ser melhores.

Portugal, 1 de Janeiro de 2003.
(Seguiu-se a devida assinatura do seu autor e respectivo domicílio postal)

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