A PROPÓSITO
A propósito de um conjunto de imagens que recebi, via net, sob o título "A GANÂNCIA HUMANA, A PREDAÇÃO DO PLANETA CAUSANDO EM POUCO MAIS DE 100 ANOS A SUA DESTRUIÇÃO. VEJA OS TESTEMUNHOS EM ANEXO", imagens que ilustram uma ínfima parte da degradação a que o planeta TERRA chegou, elaborei o presente texto que hoje, 25 de Agosto de 2021, acabo de enviar a mais de uma centena de internautas com a esperança de que cada um ache por bem reencaminhá-lo para quem entenda. Se o vão fazer não sei, mas acredito que não liguem muito a esta mensagem.
O que as imagens (que seguiam em anexo) mostram significa muito pouco. Poderão elas até produzir um efeito que nada tem que ver com o estado em que o planeta se encontra, servindo apenas para distrair o observador, conduzindo-o ao deleite..., como que de obras estéticas se trate, para fruir, admirando-as. O estado em que o planeta se encontra é bem diferente, para pior, para assustadoramente pior. Mas disso ninguém fala. Pelo contrário, os "senhores do mundo" tentam a todo o custo escondê-lo para que possam continuar a acelerar o fim da História, que é como quem diz o fim do mundo!
O estado em que a Terra se encontra já atingiu o ponto de "sem retorno". No entanto, as bestas erectas que a "governam", quero dizer, dominam, continuam a agir como que tudo esteja bem. Realizam-se cimeiras, protocolos e fazem-se acordos internacionais, mas só para fingir, porque de uma cimeira para outra, de um acordo para outro a situação piora visivelmente. A insensibilidade, a ignorância, o cinismo, a ambição, a ganância de poder só fazem delas, dessas bestas, os maiores criminosos de sempre.
Utilizam palavras como globalização, progresso, crescimento económico e agora, com a fedorenta e snobe mania, também falam de resiliência, termo sempre mal aplicado, só para parecer que cientificam os seus propósitos, quando se trata apenas de enganar quem as ouve e/ou é governado por elas, acreditando, talvez, que os horrores que se aproximam não as vão atingir.
Há cerca de 40 anos que me apercebi da perigosidade que se aproximava da Mãe-Terra a que essas bestas, queiram ou não, pertencem. E desde então tenho procurado actuar, como posso, no sentido da consciencialização, quer por meio de acções pedagógicas directas, quer através da imprensa, de publicações individuais e até de produtos artísticos. Sei que passei o tempo a "pregar aos peixinhos", mesmo assim não me arrependo. (Mas quem sou eu para ter pretensões a salvar quem ou o que quer que seja?)
Não sou cientista, mas ainda vou tendo a capacidade de pensar. Aprendi a fazê-lo na infância, por força das circunstâncias, e isso me tem bastado para agir e prever por intuição. E há mais de 70 anos que sempre tenho acertado. Oxalá que desta vez me engane redondamente! Só que a decadência a que a Mãe-Terra chegou, em razão da também cada vez maior indigência da inteligência humana, segue já em progressão geométrica. E, no entanto, actua-se como que tudo pareça estar bem! Renega-se a Ciência!
Parece que ninguém se apercebe do que está a acontecer a nível global com as alterações climáticas. E quando se fala disso todos pensam, para descanso das suas consciências, que o problema, a existir, será (não dizem que já é) para os outros, como que os outros não sejamos (já) nós mesmos.
Poderíamos dizer que estamos todos como o avestruz, com a cabeça enterrada na areia. Só que estamos muito pior porque o fazemos, de facto, enquanto as famosas aves não o fazem, bem pelo contrário, reagem, simulando situações em sua defesa e em defesa da sua espécie.
Apesar de ser o assunto mais sério que temos pela frente, preferimos considerá-lo tabu. Incomoda-nos ouvir falar do assunto, quanto mais abordá-lo, argumentando, com o mais desprezível egoísmo, que o problema já não será para nós, esquecendo-nos, mais uma vez, que os nossos filhos, netos, bisnetos e por aí adiante são a continuação de nós mesmos.
A Terra aquece. Os oceanos, não só pela fusão do gelo dos glaciares e de outras zonas, mas também pelo aquecimento das suas águas que deste modo absorvem menos calor, deixando-o no ar, já estão a engolir os países costeiros. A falta de gelo nos polos não permite que os raios solares sejam reflectidos para o espaço, ficando o correspondente calor cá na Terra a aquecê-la ainda mais. A água começa a faltar visivelmente. As tempestades, cada vez mais frequentes, não só inundam populações, como causam avalanches e destroem solos agrícolas. Os incêndios são cada vez mais destruidores. O gases de efeito de estufa que todos os dias lançamos para a atmosfera aos milhões de toneladas, já não são suficientemente "capturados" pela arborização que continua a ser desbastada por todos os "bolsonaros" do mundo. As indústrias do petróleo e do carvão não estão dispostas a fechar portas. Por causa do aumento da temperatura, que já se sente, acresce também, em centenas de milhar, a morte de seres humanos.
Em 2003, num dos capítulos do meu livro Largada de Pombos Bravos, capítulo intitulado "Contagem Decrescente", escrevia, ainda que por outras palavras, que mesmo que naquele momento se deixasse de agredir o planeta, o mal que já lhe tínhamos infligido era suficiente para que as consequências dessa agressão se tornassem cada vez mais visíveis e preocupantes. Ora, como se sabe, ao contrário do que era imperioso fazer-se, as agressões aumentaram, e de que maneira! Então o que nos resta está aí, bem à vista de todos.
As migrações, que já começaram e são contestadas por tanta gente, nunca mais pararão e chegarão às centenas de milhões que atafulharão zonas do globo onde não caberão. O solo arável, que já é inferior ao de há poucas dezenas de anos, encolherá progressiva e rapidamente. As florestas arderão. As espécies animais não humanas, dos vertebrados aos insectos inofensivos, extinguir-se-ão depressa. A produção de vegetais diminuirá rapidamente. A água potável secará. A fome atingirá extremos. Só nos restará o suicídio, e a matança, programada ou não, para nos comermos uns aos outros. As doenças farão o resto e, finalmente, terminará a coisa mais bela que o Cosmos alguma vez consentira que existisse.
Há mais de 70 anos que tenho acertado sempre. Oxalá que desta vez me engane redondamente! -------------- 25 de Agosto de 2021 --------------